Trabalho e o novo proletário: um estudo junto aos estudantes de Administração de Empresas em uma Instituição de Ensino Superior na Região Metropolitana de Campinas.
· Natalia
de Oliveira Matielo – nataliamatileo@hotmail.com, Centro Universitário
das Faculdades Associadas de Ensino – FAE, Brasil.
· Romilson
Cesar Lima - romilson_cesar@uol.com.br, Centro Universitário
das Faculdades Associadas de Ensino – FAE, Brasil.
Resumo
Os universitários parecem viver intensificamente na
incerteza, aparentam não saber o que realizar no seu futuro. Suspeitam em não
corresponder, pois nada parece acontecer de forma previsível em suas vidas com
o fim dos empregos e a obrigatoriedade de estarem preparos para se adaptar em
um cenário de flexibilidade do sujeito.
A inserção no mercado
de trabalho vem sendo experimentado como uma crise intensa ao passar dos anos
onde os jovens universitários passam por situações econômica, social, do
mercado de trabalho e vida profissional dominados por condições que fogem do
seu controle. A trajetória profissional é vivenciada pelos universitários como
algo extremamente complexo e difícil, uma vez que sentem não conseguir exercer
qualquer influência ou controle sobre as rotas pretendidas.
Esta
pesquisa teve o objetivo de identificar acontecimentos atuais na vida dos
graduandos de administração de empresa em uma Instituição de Ensino Superior (IES)
na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Investigou-se a condição de trabalho
dos estudantes e sua percepção sobre o atual cenário do mercado de trabalho.
Palavras-chave: Trabalho, proletário, educação,
sustentabilidade.
Abstract
College intensificamente seem to live in uncertainty,
apparently do not know what to make in your future. Suspect in does not match,
because nothing seems to happen predictably in their lives in order and jobs
are mandatory preparations to adapt in a scenario for flexibility of the
subject.
The insertion in the labor market has been experienced
as a deep crisis over the years where university students go through economic,
social situations, labor and professional life dominated by conditions beyond
its control market. The career path is experienced by university students as
extremely complex and difficult, once they feel unable to exercise any
influence or control over the desired routes.
This research aimed to identify current events in the
lives of undergraduate business administration in a higher education
institution in the Metropolitan Region of Campinas (RMC). Investigated the
working condition of the students and their perceptions about the current labor
market.
Keywords: Work, proletarian, education, sustainability.
1.
Introdução
A educação
no Brasil é determinada na Constituição Federal e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) organizada pelos
níveis governamentais da União, Estados,
Distrito
Federal e
Municípios. Cada sistema
educacional é responsável por sua manutenção, fundos e fontes de recursos
financeiros. A nova constituição reserva 25% do orçamento
do Estado e 18% de impostos federais e taxas
municipais para a educação. A educação no Brasil é regulamentada pelo Governo
Federal
através do Ministério da Educação, definindo os princípios e programas
educacionais. O governo local é responsável em estabelecer os programas
educacionais e orientações oferecidas pelo Governo Federal. As crianças no Brasil
estuda no
mínimo nove anos, porém a escolaridade é insuficiente. A Constituição Brasileira de 1988 estabelece que
"educação é um direito de todos, sendo um dever do Estado e da família, promovida com a colaboração da sociedade, para o desenvolvimento
integral da personalidade humana e a sua participação nos trabalhos com vista
ao bem-estar comum. O Brasil ocupa o oitavo lugar com 13,2 milhões de
analfabetos acima de 15 anos segundo o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) de 2012, sendo que este resultado podemos levar em consideração
como um dos fatores dos impactos ambientais e sociais. (site: <
www1.folha.uol.com.br>).
No estado
de São Paulo, formado por 645 municípios, com uma população no ano de 2010 de
41.262.199 pessoas, 25.963.109 já freqüentaram creche ou escolas, apenas
5.380.325 pessoas concluíram o ensino fundamental e 2.051.109 freqüentaram o
ensino médio, o que para a graduação, apesar de todos os programas existentes
que contribuem para a realização, 1.540.046 pessoas realizaram. Para mestres
esse numero reduz para 52.746 pessoas e doutorado 25.568 pessoas no Brasil das
escolas públicas e particulares. (Site: < www.ibge.gov.br>).
No mundo
contemporâneo temos vivido com intensidade o universo do não-trabalho, o mundo
do desemprego, sendo que hoje, segundo dados da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), um terço do trabalho humano mundial está exercendo trabalhos
parciais, precários, temporários ou estão desempregados, perambulando para
sobreviver. No mundo ocorrem anualmente 337 milhões de acidentes de trabalhos
não fatais, que resultam, no mínimo em três dias de afastamento do trabalho,
2,31 milhões de mortes relacionadas por acidentes e doenças, destes, hoje, a
maioria sem seguridade por acidente de trabalho, onde perderam seus direitos
principalmente pela segurança, qualidade e ambiente saudável, com jornada de
trabalho exaustiva, exploração, desrespeito, muito com escravidão ou por
trafico de pessoas sem respeitar os direitos dos imigrantes. (site:< http://www.oitbrasil.org.br>, 2014).
A sustentabilidade das empresas
tornou-se um tema muito comentado em nosso cotidiano e não é devido às empresas
estarem duradouras, mas sim por estar ocorrendo tantos encerramentos prematuros
de empresas de todos os níveis estruturais, seja ela uma empresa de pequeno,
médio ou grande porte conhecida em todo o mundo.
As perguntas que realmente surgem
são: Você se sente seguro atualmente em seu trabalho? Seu ganho salarial e
nível hierárquico atual te proporcionam risco de perder o trabalho? Você se
sente seguro em saber que o mercado de trabalho está cada dia mais competitivo
com novas pessoas formadas? Quais os impactos sociais que essa insegurança
proporciona na sua qualidade de vida? Como ter um desenvolvimento sustentável
mantendo a segurança social (emprego e renda)? Com a graduação, você espera ter
um maior reconhecimento profissional e salarial?
Esta pesquisa teve o objetivo de
identificar acontecimentos atuais na vida dos graduandos de administração de
empresa em uma Instituição de Ensino Superior (IES) na Região Metropolitana de
Campinas (RMC).
2.
Referencial teórico
2.1 Trabalho e proletário
Como
orientação dos processos produtivos o liberalismo clássico servia de base
teórica e filosófica sobre a natureza e comportamento dos homens onde o
trabalhador tinha toda a sua vida no trabalho, sendo que, até as suas
necessidades básicas não eram consideradas. Segundo Rodrigues (2009) Taylor a
partir de métodos empíricos pensou em uma produção mais individual com base
para um melhor e maior desempenho global da indústria, ou seja, deduziu formas
e pesquisou métodos mais eficientes para o desempenho de máquinas e dos
trabalhadores. Em relação ao contexto da época, Taylor tinha preocupações não
só empresariais como também sociais, sendo que Henry Ford foi um adepto ao
Taylorismo, defendendo os aspectos físicos do local de trabalho para conseguir
unir um melhor rendimento com uma maior humanização é preciso dispor de
acomodações amplas, limpas e ventiladas. O Taylorismo e o Fordismo acabaram
proporcionando na época aos trabalhadores uma melhor condição de trabalho,
melhor qualidade de vida, tanto no aspecto motivacional quanto no ambiente
físico de trabalho.
Para
Limongi-França (2009) o ambiente organizacional está rediscutindo burocracia,
tempos e movimentos, relações humanas e éticas, onde novas relações de trabalho
têm sido impulsionadas pela globalização que certamente estão refletindo na
saúde, segurança e expectativa dos trabalhadores. Reivindicações acontecem em
diversos países para que ocorra a diminuição da carga horária de trabalho e
quando atendidas, esse tempo livre que deveria ser destinado ao descanso, é
ocupado com o turismo e o consumismo. As pessoas são formadas por um complexo
biopsicossocial, ou seja, apresenta potencialidades biológicas, psicológicas e
sociais que respondem as condições de vida.
Para Chahad
e Cacciamali (2003), o número de desempregados cresceu substancialmente no
final dos anos noventa, principalmente em um grupo de vital importância para a
sobrevivência, que são os chefes de família. Alguns fatores acabaram
contribuindo para que isso ocorresse entre eles a pressão demográfica, onde as
altas taxas de natalidade se refletem no alto número de jovens com dificuldade
para arrumar empregos; transformações tecnológicas, onde as mão-de-obra são
poupadas; e uma população buscando trabalho com baixa escolaridade. A mão-de-obra feminina no decorrer das
últimas décadas cresceu proporcionalmente mais que a masculina. Na disputa por um posto de trabalho o nível de
escolaridade tem sido um elemento fundamental, ocasionando um declínio no número
de trabalhadores analfabetos e com escolaridade inferior a quatro anos de
estudo conforme descreve Chahad e Cacciamali (2003).
Em meados de 1980 no Brasil os sindicatos começaram a
reivindicar a participação dos trabalhadores nos processos de trabalho, ou
seja, ritmo, duração e intensidade, especialmente em decorrência das
transformações tecnológicas, gerenciais e organizacionais, sendo estas
acarretam fortes impactos sobre o trabalho. Segundo Chahad e Cacciamali (2003)
os sindicatos além das negociações salariais e das condições de trabalho
passaram a negociar temas de abrangência nacional como reforma tributária,
reforma fiscal, reforma trabalhista, previdenciária e política nacional do
salário mínimo, além de outras transformações no mundo do trabalho:
participação do trabalhador em lucros e resultados da empresa e redefinição da
jornada de trabalho. Em relação às condições de trabalho o grau de exposição
dos trabalhadores ao processo produtivo tanto físico quanto mentalmente tem
feito crescer a preocupação coma a saúde e segurança no trabalho.
Segundo
Marx (1845): “O trabalho mecânico fadiga ao máximo o sistema nervoso; suprime o
jogo variado dos músculos e confisca qualquer livre atividade física e
intelectual. Até a maior facilidade do trabalho torna-se instrumento de
tortura, já que a máquina não dispensa o operário do trabalho, mas faz com que
o trabalho perca o interesse. Toda produção capitalista (...) tem sua
característica: uma vez de dominar as condições de trabalho, o trabalhador é
dominado por elas...”.
A marcha
uniforme do meio de trabalho, a composição particular do corpo de trabalho e a
subordinação técnica do operário que é formado por indivíduos de idade e sexo
distintos acabam criando uma disciplina militar tornando o regime absoluto das
fábricas desenvolvendo a distinção dos operários em trabalhadores e
supervisores ou em soldados e suboficiais da indústria (Marx, 1845).
A fonte de todas as alienações é a divisão capitalista do
trabalho, estropia o trabalhador fazendo dele um monstro, como em uma estufa,
favorece o desenvolvimento de habilidades parciais suprindo todo o mundo de
capacidades e instintos. Trabalho manual e trabalho intelectual apresentam uma
cisão que faz do operário um trabalhador estropiado e parcial (Gorz, 1996).
Para Gorz (1996) o comunismo é o movimento que suprime a
divisão do trabalho, sendo que, subdividir um homem é assassiná-lo, essa
subdivisão do trabalho é o assassinato de um povo. Instalações e máquinas não
são somente meio de produção, mas sim, abrangem igualmente as técnicas e á
ciência incorporadas a elas, dominando os operários como uma “força produtiva
independente do trabalho”. Em nenhuma hipótese a classe operaria no poder não
pode tornar o trabalho mais leve, reduzir sua duração e aumentar-lhe a remuneração,
já que a determinação capitalista do trabalho acaba sendo independentemente até
das finalidades inaceitáveis da produção capitalista, a negação da liberdade e
destruição do trabalhador; resumindo a sua alienação.
Da General Motors à
Microsoft, da Bennetton à Ford, da Toyota ao McDonalds, o mundo produtivo e de
serviços ainda carece de uma dada forma de trabalho, seja ele material,
produtivo ou imaterial. A própria existência do capital financeiro supõe algum
nível de lastro produtivo e com ele se imbrica. O trabalho, portanto, não se
tornou mera virtualidade, ainda que venha sofrendo mutações e
metamorfoses significativas. Não é ficção que a Nike se utiliza cerca de 85 mil
trabalhadores e trabalhadoras, esparramados em tantas partes do mundo, que recebem
salários degradantes; não é ficção também que o primeiro segredo da Toyota foi
procurar envolver a classe trabalhadora japonesa no projeto da “Família Toyota”
(seu lema na década de 1950 era: “proteja a empresa para proteger sua vida”),
como nos ensinaram inicialmente Satoshi Kamata, e mais recentemente o crítico
Thomas Gounet e o pouco crítico Benjamim Coriat. (Antunes, 2005).
2.2 Precarização, informalidade, terceirização e
privatização
Desde o início dos anos 80 o trabalho vem
sendo atingido pelo rápido processo de reestruturação produtiva por que vem
passando a economia global e as profundas transformações, à raiz desse
processo. Um dos temas mais controversos da Sociologia nos últimos anos vem
sendo o trabalho. A imagem de uma sociedade da comunicação libertada das
carências vai desde o leque de alternativas contempladas e discutidas, na qual
poucas horas de trabalho seriam suficientes para que a humanidade tivesse suas
necessidades materiais satisfeitas, a uma sociedade apartada, caracterizada por
uma enorme massa de excluídos, condenados ao trabalho árduo e desqualificado,
marcado pela insegurança e baixa recompensa financeira (Leite, 2000).
O princípio não determinista tem
levado os estudos a partir da consideração de que, o processo de globalização
pressupõe formas de inserção diferenciadas dos países na economia global ao
invés de uniformizar as estruturas produtivas nas várias regiões do mundo,
sugerindo que, nem sempre o que ocorre nos países centrais se repete ou se
repetirá futuramente da mesma forma nos demais países. Os trabalhadores vêm
sendo capazes de criar novas instituições juntamente com novos movimentos
sociais que são menos importantes pelas conquistas que vêm conseguindo efetivar
do que pela proposta que elas encerram de reconstrução do espaço público e de
criação de uma nova forma de governabilidade (Leite, 2000).
A lógica do capitalismo atual tem
provocado a precarização, informalidade, materialidade e imaterialidade, com
freqüente mutação devido à mundialização formando um novo proletariado em
escala global na agricultura, indústria e serviço. A informalidade se tornou
uma regra, a dimensão imaterial proposta com a tecnologia da informação
proporcionou serviços terceirizados e privatizados. (Antunes, 2013).
A sociedade do trabalho
chegou à modernidade com o mundo da mercadoria, onde o consumismo é fator
gerador do fetichismo da mercadoria, atividade imposta, mundana, forçada e
compulsória de novas necessidades do ser, que para ter, sacrifica seu tempo de
vida com seu esforço físico e metal vendido para seus luxos e status, que
escraviza e aliena. (Antunes, p. 12, 2005).
Sabemos
que a incessante luta pela sobrevivência, dignidade humana e a felicidade
social, o trabalho é vital, mas para isso é desnecessário ter um modo penoso,
alienando e aprisionado do ser, não apenas como no passado dentro das empresas,
mais hoje extrapolando os muros onde somos conectados ao trabalho 24 horas do
dia com os recursos tecnológicos e de comunicação. Segundo Bauman (2006) na
contemporaneidade não existe mais uma disputa do grande com o pequeno, mas sim
do mais rápido contra o mais devagar.
De acordo
com Antunes (2005) a lógica da reestruturação da produtividade praticada com
amplitude mundialmente pelas empresas, conhecida também como lean production proporciona uma
sociedade descartável, onde o trabalhador perde seu posto de trabalho com um
novo modelo de estrutura onde beneficia o dono do capital.
Conforme
relata Mészáros (2011, p.18), o quanto mais aumenta a competitividade e
concorrência intercapitais, mais graves são suas conseqüências com a
precarização das pessoas e degradação do meio ambiente.
É comum
presenciarmos um modelo de analise como o da CareerCast medindo profissões com
menor índice de stress, como se todos se sentissem bem fazendo o mesmo tipo de
atividade profissional, sendo na ultima lista, as dez profissões apontadas como
menos estressantes estão fonoaudiólogo, hair
stylist, joalheiro, professor
universitário, técnico de laboratório médico, costureiro, nutricionista,
técnico de registro médico, bibliotecário e artista multimídia. Na pesquisa
estão perguntas como se o trabalhador realiza muitas viagens profissionais, se o trabalhador lida com
prazos apertados, se tem elevada competitividade e se tem a própria ou a vida
de outro em jogo, mas isso não demonstra o contexto geral da satisfação
das necessidades e expectativas do ser (site: www.exame.abril.com.br).
Para Gorz
(1996) à monopolização da produção por aparelhos institucionais faz com que
cada operário se submeta a produzir o que não consome e conseqüentemente
consumir o que não produz e conforme suas próprias aspirações individuais ou
coletivas não podem produzir nem consumir. A utilização eficaz da ciência
durante os últimos cento e cinqüenta anos pareceu exigir uma especialização e
uma divisão do trabalho cada vez mais desenvolvida. Os instrumentos deviam ser
grandes para serem potentes, mas já não é mais assim.
2.3 Educação, significado e existência
O direito
à educação no mundo atual foi assegurado para as pessoas na Declaração
Universal dos Direitos do Homem, concedida por votação pelas Nações Unidas no
artigo 26 que todas as pessoas têm direito a educação gratuita no ensino
elementar e fundamental, sendo o ensino profissional e técnico generalizado. A
educação superior deve existir para todos na mesma condição de igualdade,
visando o pleno desenvolvimento humano, respeitando os direitos e liberdade,
levando a compreensão, tolerância, amizade e atividades da nação promovendo a
paz. A evolução humana formada pela hereditariedade e adaptação biológica,
depende dos avanços do sistema nervoso, mecanismos psíquicos e interações
sociais constituindo o comportamento mental, sendo indispensável à formação do
individuo. Na construção da linguagem, sendo está à primeira interação que
temos em vida, possibilita identificar os costumes e regras por estar em
contato com as coisas adquiridas por transmissão exterior, por meio da educação
e interações sociais formando a lógica e moral. Sendo assim, o papel
educacional enobrece o ser em condições já elaboradas, não que devemos
formá-las, mas sim de criar condições para o ser formar opinião sobre o certo e
errado, sendo este aprendizado criado nos primeiros anos de vida com a família.
(Piaget, 1974).
Piaget
(1996) trata sobre a importância de utilizarmos um método de ensino
diferenciado, voltado para a formação de personalidade livre e autônoma, até
mesmo por motivo de não existir apenas uma moral, mas vários tipos de reação
moral, pois vivemos em um meio ambiente social sofrendo a pressão dos adultos,
no caso das crianças, ou a pressão do capital, no caso do proletariado que
depende da venda do seu trabalho para sobreviver, onde se sujeita a realizar
uma atividade quando envolve a necessidade básica para a vida. O ser como
individuo é formado pelo respeito “do pequeno pelo grande, da criança pelo
adulto, do caçula pelo irmão mais velho” relata Piaget.
Nos dias
de hoje, passamos por um novo pensamento, o empoderamento das pessoas para a
autonomia, formando uma relação de cooperação e não de submissão ou respeito
unilateral considerando como imutável ou sagrado o pensamento de pessoas mais
velhas.
Pensando
no modelo de escola “ativa”, o aprendizado não deve ser imposto de fora, mas
redescoberta com uma investigação da prática vivida, proporcionando a liberdade
de escolher o melhor caminho a ser seguido para a sustentabilidade. Agir
moralmente não é mesmo que agir de acordo com as regras sociais, pois todos têm
suas regras e leis, mas a moral que temos em cada local é diferente, como por
exemplo, existem regiões que as mulheres adulteras são mortas.
Piaget
(1996) relata que a heteronomia é quando somos governados por outras pessoas,
sendo que onde não existe lei e regras, as pessoas acabam praticando atos fora
de uma normalidade, como exemplo, as ações de linchamento que aconteceu
recentemente no Brasil, onde para isso existe a lei para punir e agir, não as
pessoas fazer justiça com as próprias mãos. Em 1977 Piaget realizou um estudo
da construção moral das crianças resumidos em quatro estágios, onde uma das
identificações consideradas é quando o grupo combina suas regras, envolvendo
então a ética em uma atividade racional e social, com regras que servem a todos
participantes, não algo que privilegia uma das partes.
César (et.
al 2010) descreve que Arendt que o nascimento das pessoas é um novo inicio,
onde seu modo de repetição é previamente determinado pelo orientação presente
em sua vida, sendo que o orientador passara sua visão sobre mundo. A vida está
em constante transformação, onde o começo e fim encontram-se do viver ao morrer
sucessivamente. Quando assumimos a responsabilidade no desenvolvimento do Ser,
estamos criando a continuidade do mundo, sustentável ou insustentável perante
nosso direcionamento. Arendt (2005) retrata que vivemos em uma sociedade que
prioriza o trabalho e consumo, que valoriza a novidade e inovação, eliminando
conseqüentemente a tradição, autoridade e ciclo de vida dos produtos e
serviços. Essa modernidade impacta na condição do homem e sua alienação no Ter
materialista, provocando uma aceleração social, onde trabalhando mais,
ganharemos mais para consumir mais.
A educação
é uma questão política e não apenas pedagógica, podendo influenciar no espaço
publico, gerando perda de responsabilidade para com o mundo, provocando uma
crise generalizada, perdendo a estabilidade do conhecimento.
O processo
de globalização aceleração economia e do neoliberalismo transformando o cenário
político-institucional voltado ao consumo e produção.
Para
estarmos preparados para a vida adulta e saber da política a escola e educação
é formadora deste conhecimento, ensinando como o mundo é, e não instruindo na
arte da vida, pois todos somos livres.
Almeida
(2008) descreve que para Arendt o humano tem como necessidade de vida o labor e
as atividades mundanas, o trabalho, a ação e o pensamento, onde para satisfazer
as necessidades de consumo, iniciando o ciclo de produção, não simplesmente para
satisfazer as necessidades, mas para status, estilo de vida, emoções,
aparência, imagem, gerando um ciclo de vida dos produtos e serviço cada vez
menor para atender novos desejos e ostentação. Cada pessoa é livre para fazer o
seu projeto de vida, mas os valores individuais impactam no todo existencial,
sendo que a nossa ação pode gerar impacto na vida do grupo social, temos o
direito político e civil, mas, além disso, o comprometimento com a vida,
impacto no meio ambiente e social, prezando pela sustentabilidade, essa é uma
responsabilidade de todos.
Segundo
Arendt (2005) o homem deve lidar com a realidade local pensando globalmente nos
impactos que as ações proporcionam. As crianças são influenciadas ao longo da
vida por aquilo que lhe são apresentadas em ações particulares e publicas, onde
todas devem ter a proteção de sua intimidade e segurança para a qualidade de
vida não ser prejudicada. Segundo Freitas (2010) a crise é um momento que
devemos refletir e crescer com o animo das pessoas envolvidas. O desanimo, a
descrença nas autoridades e falta de responsabilidades é oposto ao desejo de
realizações e conquistas com uma nova ordem.
Para
Freire (1994) A importante relação do educador juntos aos educados implica na
necessidade de mudança, onde o papel do educador sai de um narrador que enche
seus educandos de conteúdo, tornando repetidores, memorizadores, enchendo como
um deposito, oprimido pela cultura do silencio, alienando na ignorância,
formando escravos da dialética, com pratica da dominação, onde após o momento
de aula os educados não tem tempo de refletir e agir com o assunto falado,
dizendo que pensar autenticamente é perigoso,
devemos ser parceiros dos nossos educados e elevar nossas relações e
compreensão das contribuições para a formação da educação. Para a elite dominadora está visão livre se
torna uma ameaça, formando pessoas questionadoras do certo ou errado, sendo
contra o principio de manter acomodados, com medo e ingênuos ao mundo deve ser
superada. O educador não apenas educa como é educado, é uma troca constante de
valores e reflexões, o mundo faz parte do homem e o homem faz parte do mundo.
Para Morin
(2000) nosso saber e consciência fazem refletirmos sobre o mundo físico e
distanciar dele, onde o ser se realiza na cultura e pela cultura, sendo esta
formada pelo saber, fazer, regras, normas, proibições, estratégias, crenças,
idéias, valores e mitos que a sociedade vive para as pessoas e as pessoas para
a sociedade. O quanto mais somos
envolvidos pelo mundo, mais difícil para nós é aprende-lo, esta é uma das
questões que mesmo após a era da informação e telecomunicação as incontáveis
informações nos sufoca prejudicando até mesmo saber o melhor caminho à seguir.
Morin
(2000) relata que percebemos a crescente contracorrente que tem se formado
voltado ao ecológico, devido a catástrofes e degradação, a qualitativa em
relação ao quantitativo devido a qualidade de vida, a resistência à vida
individual ampliada com a dedicação poética e redes de comunicação, a mudança
de consumo padronização pela customização sendo que cada pessoa quer ver o seu
eu, a relação pelo dinheiro se contrapõem com a relação humana e solidária.
Precisamos aprender a ser mais do que ter, a viver mais que ocupar nosso tempo
com o desnecessário, dividir mais do que querer tudo pra si mesmo, comunicar
mais que se individualizar, comungar mais que ficar com uma idéia individual,
com consciência ecológica, cívica e espiritual.
2.4
A sustentabilidade das
empresas
Pesquisas
demonstram que as empresas fracassam devido a má gestão de seus dirigentes.
Algumas empresas se esquecem que devem focar
o cliente e não apenas ficar restrito internamente à empresa. Assim, deve-se
perguntar ao consumidor o que ele realmente quer adquirir, o preço que
considera justo e qual o produto de sua maior preferência. Popcorn (1993)
argumenta enfaticamente que em todos os lugares o que se é mais discutido é
sobre a personalização em massa. Cada cliente deseja utilizar seus produtos de
acordo com sua necessidade. O cliente quer ver o seu Eu naquilo que compra. Hoje
já se tem o privilegio de ir a uma concessionária e escolher um automóvel de
acordo com nossa necessidade, um econômico ou veloz, com ou sem ar
condicionado, com ou sem direção hidráulica. Da mesma forma outras empresas
estão desenvolvendo essas práticas em tênis, geladeiras, fogões, roupas,
relógios, óculos, chinelo, multiplicando suas vendas eletrônicas (via sites).
Ainda, a empresa não
deve ser focada nos resultados financeiros, a menos que esta seja sua vocação.
Algumas grandes empresas têm em seus quadros funcionais, a tesouraria
funcionando como uma tesouraria de um grande banco, investindo no mercado
financeiro, especulando, assumindo riscos e se alavancando em suas operações.
Muitas vezes essas empresas esquecem seu próprio negócio e dirigem-se ao
mercado, operando com câmbio, títulos financeiros como ações e derivativos,
assumindo riscos, como ocorrido com a Sadia.
Existem empresas que
apresentam NOPAT (Net Operating Profit
After Tax) negativo e costumam culpar a conjuntura econômica pelas altas
taxas de juros praticadas. Muitas vezes confundem lucro líquido com lucro
operacional, lembrando que este último representa viabilidade do negócio. O
retorno do capital investido independe da forma como a empresa é financiada. O
lucro líquido considera, em seu cálculo, tanto o desempenho operacional como os
encargos financeiros dos passivos, ou seja, as decisões de ativos e as decisões
de financiamento. Desta forma, o resultado líquido negativo pode ser formado
pelo fraco desempenho dos negócios ou pela alta alavancagem e juros elevados.
Assim, é fundamental identificar claramente na análise de balanços a origem de
determinados desempenhos. Muitas empresas têm prejuízos líquidos e altos
endividamentos, porem mesmo que liquidasse integralmente suas dívidas, ainda
assim apresentaria um fraco desempenho operacional com o NOPAT baixo ou até
negativo. Seu problema básico é a inviabilidade de negócio, das estratégias
operacionais e de investimentos da empresa. Como exemplo tem-se a mineradora
Vale na qual as dívidas e juros elevados desequilibraram a empresa, mas não
causaram o problema da mesma.
Outras empresas, por sua
vez, não se aperceberam que o mundo mudou, como foi o caso da General Motors.
Os mercados mudam juntamente com seus consumidores e com a evolução das
tecnologias. Assim, as empresas devem tomar o cuidado de fazer fusões, inovar
as estratégias de vendas, dentre outras atitudes, para se ter um bom negócio,
como o ocorrido com a Arisco. Fahey (1999) argumenta que para uma empresa ser
bem sucedida no novo ambiente de amanhã, a própria empresa deve submeter-se às
mudanças significativas e por vez radicais.
As velhas
maneiras de pensar devem ser questionadas e reconcebidas: as premissas e crenças
tradicionais se tornaram incompatíveis com o ambiente transformado. É
necessário aprender novos processos operacionais e novos formas de atuação. As
estruturas organizacionais, os sistemas e os processos decisórios herdados de
um passado superado carecem de reformulação.
As
empresas precisam se ajustar às megatendências, às novidades que o mundo
globalizado traz para criarem vantagem competitiva. O sucesso corporativo e
longevidade estão entrelaçados de uma forma que, atualmente é qualitativamente
diferente da relação entre sucesso e longevidade no ambiente econômico de cinco
décadas atrás (Kotler, 2000).
Não se
deve deixar de considerar o fato de que empresas encerram suas atividades
porque seus gerentes se concentram em atividades econômicas de produzir bens e
serviços, e se esquecem de que a verdadeira natureza de suas atividades são as
pessoas.
A
longevidade das empresas é como a do ser vivo, todas exibem o mesmo
comportamento e certas características: elas buscam a vida, elas aprendem,
constroem relacionamentos com outras, crescem e se desenvolvem, obtendo a
longevidade e a melhoria continua e encerram suas atividades, algumas mais cedo
e outras mais tarde (Geus, 1999).
O que
causa o crescimento e o envelhecimento das organizações não é o tamanho, nem tão
pouco o tempo. Existem muitas empresas jovens de cem anos e empresas velhas de
dez anos. “Jovens” significa que a organização é capaz de mudar com relativa
facilidade, ainda que, devido ao seu baixo nível de controle, seja
relativamente imprevisível o que poderá fazer. Uma organização “velha”
significa que seu comportamento é controlável, mas que ela é inflexível, com
pouca propensão à mudança.
As
empresas que não acompanham a tecnologia e a forma de agilizar seus processos
estão sujeitas a não acompanharem o desenvolvimento e a demanda de produtos
para suprir as necessidades e expectativas dos clientes. A Phillip Morris, por
exemplo, apresenta o comportamento de uma empresa muito jovem, embora tenha
sido criada em 1847 (Collins, 1995). Ainda podem-se citar as empresas de
tecnologias Google, Microsoft e Apple, que embora recentes, com poucos anos de
vida, se adaptam às novas circunstâncias e novas exigências do mercado sendo
consideradas corporações bem-sucedidas.
Esta visão
apresentada não se limita apenas às empresas, podendo ser estendida às nações.
Países, como Egito que eram impérios há mais de 2000 anos, têm baixo índice de
desenvolvimento e são pobres; por outro lado, Canadá, Nova Zelândia, Austrália,
que há 150 anos eram inexpressivos, hoje são países desenvolvidos e ricos. A
diferença entre países pobres e ricos não reside nos recursos naturais
disponíveis, podendo citar o Japão que possui um território limitado, 80%
montanhoso e inadequado para a agropecuária, mas é a terceira economia mundial.
Outro exemplo é a Suíça, que não cultiva o cacau, mas tem o melhor chocolate do
mundo. Em seu pequeno território cria animais e cultiva o solo por apenas
quatro meses por ano e fabrica laticínio da melhor qualidade. É um país pequeno
que passa imagem de segurança, ordem e trabalho, o que a transformou em caixa
forte do mundo. A diferença está nas atitudes das pessoas, moldada ao longo dos
anos pela educação e cultura.
Analisado
a conduta das pessoas nos países ricos e desenvolvidos, é constatada que a
grande maioria segue os devidos princípios de vida: a ética como princípio
básico, a integridade, a responsabilidade, o respeito às leis e regulamentos, o
direito pelos demais cidadãos, o amor ao trabalho, o esforço pela poupança e
pelo investimento, o desejo de superação, a pontualidade. Nos países pobres uma
minoria segue estes princípios básicos em sua vida cotidiana.
Geus
(1999), nos anos 1990, já citava que muitos administradores ainda têm em mente
que uma empresa para ter longevidade precisa dar grandes (grifo nosso)
retornos para seus acionistas, o que não é necessariamente verdade. Atualmente
os acionistas têm a mentalidade que é mais vantajoso ter um retorno menor
correndo menos riscos, do que ter um grande retorno com um índice alto de
perder o seu dinheiro.
O que dá o
diferencial para a sustentabilidade das empresas é a forma de antecipar as
necessidades de mudança e como ela se adapta com o meio externo, e acompanha as
mudanças do ambiente com agilidade e eficácia, usando estratégias. Essa
diferença é criada pelo seu principal capital, que são as pessoas. A
criatividade das pessoas está mudando o mundo. Todos achavam que este século
seria regido pelas máquinas; hardware, software, que seriam a grandes soluções
das empresas. Entretanto, o maior potencial está no capital intelectual das
pessoas (Senger, 1990).
Técnica
para “cultivar” pessoas, o novo perfil desse profissional exige qualidades
essências como ser generalista, polivalente, multifuncional, com visão mais abrangente
da organização; ele deve ainda ser comprometido com os destinos e valores da
empresa.
O novo
profissional precisa ter um nível de informação de maneira específica, mas no
geral, que possibilite ter acesso ao nível estratégico da empresa, afim de que
a colocação seja feita adequadamente, também é necessário ser dinâmico e estar
sempre alerta às mudanças. Ter domínio básico de informática, principalmente de
processadores de texto e planilhas eletrônicas - conhecimentos de assuntos como
treinamento, reengenharia, entre outros, além de dinamismo, criatividade,
flexibilidade, abertura à negociação, liderança, desenvolvimento de habilidades
políticas, firmeza, persuasão e postura ética; pretende-se um generalista, que
seja ao mesmo tempo um especialista em sua área e tenha uma visão de conjunto
da organização, que saiba ouvir, propor soluções, ser analítico e crítico,
enfim um profissional mais pensador, diferente do perfil puramente executor de
anos atrás (Dolabela, 1999).
De acordo
com Porter (1989) uma estratégia competitiva eficaz indica uma ação ofensiva ou
defensiva por parte das empresas de modo a criar um melhor posicionamento da
empresa dentro de um conjunto de forças de competição entre os concorrentes na
indústria.
Os pontos
mais importantes são: o poder de negociação com os fornecedores, o poder de
negociação com compradores em relação à empresa, disputa do mercado com
intermédio de novos entrantes potenciais ou efetivos.
Hoje novos
concorrentes ingressam em mercados de longa tradição, com novos conceitos de
como servir e satisfazer os clientes. Cada vez mais, o surgimento de produtos
substituto provoca mudanças. As preferências dos clientes por vezes mudam de
maneira inesperada, devido a esta contínua transformação (Fahey, 1999).
A
estratégia competitiva dependerá da capacidade da empresa se posicionar de
frente a essas forças explorando seus pontos fortes e defendendo seus pontos
fracos.
A
rivalidade entre os concorrentes é um ponto que define a estratégia
competitiva, pois envolve a disputa de segmentos de mercado. Entre os fatores
que influenciam a rivalidade das empresas esta o crescimento da empresa, o
número de concorrentes no mercado, os processos de criação de novos produtos,
diferenciação dos clientes e principalmente os custos de mudança, que são
aqueles nos quais as empresas incorrem para redirecionar suas atividades dentro
de um novo mercado, abandonando o seu mercado anterior (Nadler, 1993).
As três
estratégias competitivas básicas são a liderança no custo, cujo objetivo
central a ser alcançado pela empresa é obter um produto de menor custo sem
perder as sua qualidade e as suas bases de diferenciação, já que o produto deve
ser considerado comparável e aceitável entre os seus consumidores (Porter,
1989).
A
estratégia conduz a uma busca permanente de redução de custo e proteção das
vantagens de custos mais baixos; a segunda estratégia é a diferenciação que
implica selecionar uma ou mais dimensões de produtos para serem explorados.
Amplas parcelas de mercado podem ser conquistadas a partir de uma diferenciação
de produto para a demanda do consumidor. Para as empresas que logram atingir
diferenciação, há um prêmio de preço que se reflete na sua lucratividade. A
estratégia do enfoque poderá ser tanto em relação ao custo quanto em relação à
diferenciação.
Dentro
dessa estratégia a empresa seleciona segmento ou grupo de segmentos dentro de
uma indústria e adapta uma estratégia para atendê-los. A pré-condição básica
para a adoção dessa diferenciação de preços e de produtos é a capacidade de a
empresa atender melhor, mais barato e mais eficientemente o seu segmento. O
enfoque no custo explora diferenças de comportamento de custos em alguns
segmentos e empresas, enquanto o enfoque na diferenciação explora as
necessidades especiais dos clientes.
É necessário
buscar a cada momento a criatividade diante da necessidade para suprir e
superar as expectativas que os clientes esperam (Campos, 1999).
A empresa
brasileira vive, já algum tempo, um processo de revolução nos parâmetros que
definem o ambiente que opera. Os ingredientes são reconhecidos – a abertura às
importações; as oscilações associadas à estabilização da moeda, a passagem da
superinflação para recessão do início dos anos 90, e, na seqüência, as
oscilações associadas à estabilização da moeda, a retomada de investimentos
diretos nacionais e transnacionais na produção; entre outros – e impactam de
forma diferenciada os diversos setores (Dolabela, 1999).
3.
Procedimentos
metodológicos
Na
metodologia para estudar o problema de pesquisa, utilizamos a abordagem de
pesquisa quantitativa com questões fechadas para traçar o diagnostico do grupo
e o de levantamento com abordagem qualitativa, onde foi realizada entrevista
através de roteiro com objetivo de verificar as perspectivas atuais e futuras
no mercado de trabalho para estudantes de Administração de Empresas de uma IES
na RMC.
O
desenvolvimento do trabalho foi organizado nas seguintes fases:
a)
Revisão da literatura multiplicando a importância do tema de pesquisa;
b)
Elaboração de um desenho de pesquisa de método quantitativo, utilizando
questões fechadas para diagnosticar participantes;
c)
Pesquisa de levantamento de dados no período de maio/2014 a junho/2014, com
sondagem - survey enviado
aos estudantes de Administração de Empresas de IES.
d)
Divulgação dos resultados e sugestão de melhoria em empresas para geração de
renda e trabalho, mantendo a qualidade de vida das pessoas.
Foram
realizadas pesquisas com alunos da graduação em Administração de Empresas que
estão cursando o 5° semestre, residentes nos municípios da RMC e Circuito das
Águas Paulista.
A
confidencialidade das informações foi mantida, conduzindo de maneira ética e
respeitosa todo o processo junto aos colaboradores no desenvolvimento deste
projeto e da IES.
4.
Resultados e análise de
dados
4.1 Síntese dos
resultados obtidos com a pesquisa
Para realizar a
entrevista solicitamos voluntários em duas turmas do 5° semestre do curso de
Administração de Empresas em uma IES na RMC, com um total de 81 alunos, destes
22 estudantes aceitaram participar, seguindo o termo de consentimento livre e
esclarecido em pesquisa com seres humanos seguindo o Comitê de Ética em
Pesquisa da IES. Os registros feitos durante a pesquisa não serão divulgados,
apenas o relatório final com citações anônimas. Dos entrevistados 57,1% são do
sexo feminino e 42,9% masculino, sendo a maioria com idade de 20 a 29 anos
(76,2%), 81,0% são solteiros e 85,7% não têm filho. São residentes nos
municípios de Jaguariúna (33,3%), Amparo (14,3%), Mogi Guaçu (14,3%), Santo
Antonio de Posse (9,5%), Pedreira (9,5%), Mogi Mirim, Itapira e Monte Alegre do
Sul (4,8% cada), sendo que deste 9,5% trabalham em outras cidades, indo para as
cidades de Amparo ou Pedreira. Estão atuando profissionalmente como Estagiário
(23,8%), Auxiliar Administrativo (19,0%), Operador de Produção (14,3%),
Comprador (14,3%), Caixa (9,5%), Analista Administrativo (9,5%) e Assistente
Administrativo (9,5%). Estão atuando na mesma empresa até 11 meses (38,1%), de
12 a 23 meses (28,6%), de 36 a 47 meses (9,5%), de 48 a 59 meses (9,5%) e acima
de 60 meses (14,3%), sendo que 57,1% já trabalharam em mais de três empresas em
sua carreira profissional. Referente ao ganho salarial, 76,2% recebe de
R$1.001,00 até R$2.000,00 ao mês, sendo que neste nível ficou de igual valor
para o sexo feminino e masculino, o que nos chamou atenção por ter o comentário
que os homens recebem maior salário que as mulheres e neste estudo não ocorreu,
onde alem deste empate salarial o maior ganho (4,8%) é de uma mulher. Outro
resultado da pesquisa que chamou atenção é que apenas 47,6% dos pesquisados
trabalha em empresa industrial, no segmento de serviços 38,1% e no comercio
14,3%.
4.2 Relato dos estudantes trabalhadores.
Diante
das seguintes perguntas, buscamos entender o sentimento dos graduandos, sendo
que a maior parte dos entrevistados acredita que
existem possibilidades de identificar as condições humanas voltadas em relação
às praticas do mercado de trabalho.
Quando
questionamos sobre se sente segurança atualmente em seu trabalho, 50,0% das
mulheres se sentem inseguras no trabalho atual, já os homens apenas 33,0% se
sente inseguros no atual trabalho. Isso demonstra quanto o mercado esta
competitivo e a pressão por resultados. Deste grupo 88,9% dos homens acredita
que seu ganho salarial e nível hierárquico atual não proporcionam risco de
perder o trabalho, onde acreditam que é inviável a empresa contratar um
substituto pelo mesmo salário pela quantidade de responsabilidade e cobrança de
resultados, já das mulheres 58,3% acredita que correm risco de perder o
trabalho, o que demonstra que além de ter um baixo salário e nível hierárquico,
são constantemente pressionadas para resultados e atualização de conhecimento.
Quando perguntamos as mulheres se elas se sentem seguras em saber que o mercado
de trabalho está cada dia mais competitivo com novas pessoas formadas, 91,7%
respondeu que não e relataram que a insegurança existe devido a falta de
qualificação onde quando terminamos um curso ele já não tem o mesmo “valor”
percebido inicialmente pelo mercado de trabalho, sendo que quando estão
próximos de finalizar a graduação a pós-graduação é o mínimo exigido pelo
mercado de trabalho, quando estão qualificando para um tipo de idioma o mercado
pede três. Os homens (88,9%) acreditam que seu conhecimento é diferencial no
mercado, que não é apenas ter uma graduação, mas quando você sabe algo que os
outros não sabem na empresa que está trabalhando, se torna como uma vantagem
competitiva perante a equipe e relataram que mantém como segredo suas principais
ações para atingir melhores resultados na empresa, evitando compartilhar as
melhores práticas para não cair em um senso comum e ter uma exigência maior.
Quando avançamos para o assunto de identificar
quais os impactos sociais que essa insegurança proporciona na qualidade de vida
100% das mulheres e homens acredita que sofrem dificuldades de separar o tempo
de trabalho com as demais atividades humanas, como lazer, espiritualidade,
família, amigos e cuidados com a saúde. Relataram que deixam de fazer as coisas
que gosta para fazer uma reserva financeira com medo de perder o trabalho,
deixam de ter vida social e até mesmo valores para ter ascensão profissional,
sentem inseguras, com incompreensão familiar pelo ritmo de vida no trabalho,
medo, questionamentos, desmotivação e ansiedade. Um deles relatou na entrevista
que “As empresas tratam seus colaboradores para viver para a vida profissional
deixando de considerar sua qualidade de vida, agravando outros compromissos”.
Outro
questionamento realizado foi no ponto de vista dos entrevistados, o que devemos
fazer para ter um desenvolvimento sustentável mantendo a segurança social
(emprego e renda)? Responderam que devemos estar focado no aperfeiçoamento
profissional para tornar-se competitivo, a carreira deve estar alinhada com a
vida social e não ser uma força contrária, que é necessário as empresas
promovendo meritocracia e premiar os que estudam e se desenvolvem, ter melhores
oportunidades, ter comprometimento, dedicação e empenho para buscar o desenvolvimento
da carreira e da vida em si e que o país deve investir nos jovens para que a
segurança seja apropriada para todo cidadão, ter trabalho, ter um planejamento
de vida e focar nele, se planejar para fazer o que gosta, é preciso
competências, conhecimento, atitude e habilidades, é preciso ampliar com
serviços comunitários, palestras que desenvolva o espírito da sustentabilidade
externamente e internamente.
Um
questionamento interessante realizado é que se acredita que com a graduação
esperam ter um maior reconhecimento profissional e salarial, 100% acreditam que
já deveria existir desde quando iniciaram a graduação por sua dedicação e
esforço de trabalharem e estudar.
5.
Considerações finais
Estamos em
momento de ações voltadas ao ser e não ao ter, de obter uma produção que
valorize o consumo de produtos duráveis e não descartáveis, que valorize o
desenvolvimento local do que a produção global, um consumo compartilhado ao
invés da posse unitária, uma publicidade sustentável e não consumista, que seja
evitado o desperdício de alimentos e não descarte dos nossos recursos, escolhas
saudáveis e a cooperação mais que a competição.
Muitas
empresas direcionam a atenção dos trabalhadores ao processo de produtividade e
qualidade, oferecendo benefícios e recompensas pelo aumento da produtividade,
deixando de lado suas necessidades pessoais para alcançar os objetivos
propostos. Atualmente, o trabalho ocupa espaço importante na vida do
funcionário, uma vez que, este passa a maior parte de seu tempo no local
ocupacional do que em suas casas ou em atividades destinadas ao lazer. Na
prática, pessoas que não se sentem satisfeitas e tranqüilas em seu ambiente de
trabalho, tornam-se mais propensas a sofrerem acidentes de trabalho e cometerem
erros (Sanctis et al, 2008).
De acordo com os estudos de Souza e Laros (2010), perceberam que a satisfação no
trabalho tem sido definida quanto a seus aspectos causais mais relevantes,
assim como ao modo como eles podem ser combinados. A definição de satisfação
seria como um estado emocional agradável ou positivo, resultando de algumas
experiências no trabalho ou do próprio trabalho. A bagagem individual do homem
de crenças e valores serve para avaliar seu trabalho, sendo esta avaliação
resultante em um estado emocional que se for agradável produz satisfação e se
for desagradável leva à insatisfação. Portanto a variável de natureza afetiva
leva a satisfação no trabalho e se constitui em um processo mental de avaliação
das experiências que resulta em um estado agradável ou desagradável no
trabalho.
Para uma empresa ser
socialmente responsável não existe uma lista rígida de ações que ela deve
seguir, sendo que, não há uma definição consensual. Porém uma gestão
empresarial mais transparente e ética e a inserção de preocupações sociais e
ambientais nas decisões e resultados das empresas levam a uma responsabilidade
social, para se desenvolver um ótimo trabalho social a empresa deve garantir
não apenas o respeito de seus consumidores, como também de seus colaboradores.
Uma vez mais satisfeitos no seu trabalho terão, consequentemente, maior
produtividade (Souza e Laros, 2010).
Devemos
evitar pensar no trabalho tão somente como emprego, ou como algo que existe
dentro das organizações e que se materializam em salários, cargos, privilégios
e benefícios. Entre as pessoas e o trabalho acaba existindo uma conexão mais
básica, paradoxalmente, ele pode ser prejudicado pelas empresas, mas é preciso
estar empregado nas organizações para muitas pessoas. As corporações que
possuem uma lógica que nem sempre é compatível com uma atividade enriquecedora
e provida de sentido o trabalho pode ser prejudicado. Não é uma garantia de
que as pessoas encontrarão sentido em reformar o trabalho, mas propor desafios,
fornecer boas condições de trabalho, permitir o crescimento individual e
instaurar programas de qualidade de vida são extremamente importantes para
aperfeiçoar este processo. De nada adiantará uma agitação, uma correria, um
ativismo vazio, isto é, que serve muito mais para disfarçar o que realmente
deveria ser feito. Saúde é atividade, não ativismo pelo ativismo (Bendassolli,
2012).
Conclui-se
que a educação contribui para a evolução do ser, que precisamos do trabalho e o
quanto a sustentabilidade das empresas é importante para a humanidade
prosperar, mas hoje vivemos em uma sociedade do medo com o avanço do sistema
capitalista, onde por motivo da competitividade mundial, as empresas aumentam
suas metas cada dia mais, o custo Brasil impacta diretamente as empresas, mas
principalmente as pessoas, que sofrem com as adaptações necessárias e constante
exigência mercadológica.
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