Ram Charan: Caminho para ser global e construir o futuro
Líderes constroem empresas e fortalecem nações, principalmente no cenário global de concorrência. Ram Charan esclareceu esse ponto ao concluir a trilha que leva à execução eficaz
Transformar estratégia em resultados é talvez o grande desafio das organizações. Ram Charan, referência mundial no tema, procurou, durante sua apresentação na HSM ExpoManagement 2011, prescrever uma receita que tem tudo para ser bem-sucedida –desde que o mote principal seja seguido: “Execução é disciplina. É treino, treino, treino”.
Segundo o autor, o trabalho conjunto e disciplinado produz conhecimento novo, que é essencial para concorrer no cenário global. Mas isso não é suficiente. É necessária a execução que converte conhecimento em resultados. “Não basta que sejamos inteligentes, rápidos no pensar ou mais imaginativos. Tudo isso é importante, mas transformar tudo isso em ação é o que fará de nós executivos bem-sucedidos”, ressaltou.
De acordo com Charan, para fechar a lacuna entre os resultados almejados e os alcançados, o gestor deve atentar para seis pontos, os quais foram desenvolvidos durante sua palestra.
1º ponto: identificar tendências, manter o que é fundamental
O líder precisa estimular sua equipe a olhar o horizonte e constantemente se perguntar o que está mudando no mundo, para poder selecionar o que é relevante. “Converse sobre isso em todas as reuniões de staff”, recomenda Charan. O executivo deve estudar o ambiente externo para além dos limites da empresa e do país.
Para identificar movimentos, convém que se converse com pessoas que sejam diferentes de nós. “Ouça o que têm a dizer, veja as mudanças externas pelo viés das pessoas, amplie sua visão. Não é lendo livros, mas olhando pela perspectiva dos outros que detectamos as tendências”.
Para Charan, não importa o negócio em que se atue, deve-se começar a trabalhar sempre da perspectiva de fora para dentro, ou seja, do consumidor para o ambiente interno. Hoje, as pessoas estão livres para escolher, usar mídias sociais, saber quem compra o quê. Portanto, toda empresa deve abraçar a tendência da computação em nuvem.
Além disso, com a internet e a digitalização, o mercado é o mundo. Se uma ideia é executada e colocada na internet, o público será mundial e o ganho de escala será rápido. No entá nanto, ainda será necessário inovar, de modo que o declínio não seja também rápido.
2º ponto: definir prioridades que viabilizarão a visão e a estratégia
A visão que Bill Gates concebeu –“um computador por pessoa”– é bastante concreta e passível de mensuração. Mas há visões inalcançáveis e existe uma linha muito tênue entre visão e alucinação. “A visão tem de criar uma imagem na mente das pessoas que lhes dê uma noção do concreto”, orienta o palestrante.
No entanto, são as prioridades que definem o caminho até os objetivos. Os líderes que se sentem sobrecarregados tendem a ter dificuldade de priorizar. É preciso pensar com clareza para definir o que é prioritário e não cair em ambiguidade.
“Nosso tempo é limitado, então é preciso definir de três a cinco prioridades dominantes que conduzam à visão. As tarefas não prioritárias devem ficar para depois. As pessoas que são excepcionais na execução não se distraem fazendo mil coisas ao mesmo tempo”, esclarece Charan.
Ele também ressalta que um dos desafios que decorrem da priorização é a alocação de pessoas e recursos financeiros. Por vezes, as pessoas têm de ser transferidas de um projeto a outro. Bill Gates precisou montar uma equipe que focasse na redução do custo do computador para que pudesse perseguir sua visão. “A visão não acontece do nada, precisa de líderes.”
3º ponto: coloque as pessoas certas nas funções certas
“As pessoas são as grandes multiplicadoras de sua mensagem”. No entanto, o líder não deve se sentir culpado se errar ao alocar pessoas e precisar corrigir o erro, porque a pessoa que está no lugar errado não está feliz, pois tem sua energia reduzida. “Você, como líder, talvez não seja perfeito, mas conseguirá reduzir o atrito e a toxicidade na empresa ao ter a pessoa certa no lugar certo”, ressaltou.
4º ponto: ligue estratégia a pessoas e orçamento
Se não for possível à direção da empresa promover a conexão entre estratégia, pessoas e orçamento, não existe uma visão, e sim uma alucinação.
O fundamental para que essa ligação seja realizada é a reflexão, em equipe, sobre as competências que são necessárias para fazer a estratégia decolar e progredir e quais deixarão de ter importância. Essa reflexão terá como consequência a definição do orçamento, que é um compromisso que se sela. Sem ele, a estratégia não será seguida.
A Barnes & Noble, que era uma das duas maiores redes de livrarias dos Estados Unidos, não foi capaz de refletir e agir em torno das competências que passaram a ser necessárias em seu mercado. O modelo Amazon.com, surgido há 12 anos, ressaltou os pontos fracos da Barnes & Noble: grandes estoques, estrutura logística, pessoal, lojas físicas etc. A Amazon, por sua vez, usa uma plataforma de software e, portanto, tem custo menor.
O orçamento no modelo Amazon difere bastante do varejo tradicional. Inclui muitos funcionários para operar o software, servidores e um líder que custa US$ 1 milhão ao ano. “No ramo de livrarias, o pessoal de RH diria: ‘Não podemos pagar isso!’”, comenta Charan, ao ressaltar a importância do orçamento refletir competências operacionais necessárias.
5º ponto: encontre as causas do bom e do mau desempenho e recompense quem trabalha melhor que o concorrente em situações adversas
Em vez de dizer simplesmente: “Os números não estão sendo atendidos”, o líder deve olhar o que é subjacente aos resultados. Charan recorda que Jack Welch concedeu bônus maior a um diretor que não tinha tido desempenho satisfatório, a julgar pelos resultados trimestrais. Mas assim o ex-CEO da General Electric justificou: “O mercado caiu um terço. Quando isso aconteceu, esse executivo fez um trabalho melhor do que o concorrente”. Ele agiu muito rapidamente para controlar estoques e reduziu prejuízos.
6º ponto: pratique
“Treino, treino, treino”, insiste Charan. Sem prática, a execução não se torna maestria, estágio alcançado por Apple e Amazon, que são fantásticas na execução, bem como Natura, Ambev e Vale. Todas são empresas globais. “Com empresas globais se constroem nações, e o recurso mais importante de uma nação são líderes como vocês”, concluiu o palestrante.
Portal HSM
09/11/2011
Transformar estratégia em resultados é talvez o grande desafio das organizações. Ram Charan, referência mundial no tema, procurou, durante sua apresentação na HSM ExpoManagement 2011, prescrever uma receita que tem tudo para ser bem-sucedida –desde que o mote principal seja seguido: “Execução é disciplina. É treino, treino, treino”.
Segundo o autor, o trabalho conjunto e disciplinado produz conhecimento novo, que é essencial para concorrer no cenário global. Mas isso não é suficiente. É necessária a execução que converte conhecimento em resultados. “Não basta que sejamos inteligentes, rápidos no pensar ou mais imaginativos. Tudo isso é importante, mas transformar tudo isso em ação é o que fará de nós executivos bem-sucedidos”, ressaltou.
De acordo com Charan, para fechar a lacuna entre os resultados almejados e os alcançados, o gestor deve atentar para seis pontos, os quais foram desenvolvidos durante sua palestra.
1º ponto: identificar tendências, manter o que é fundamental
O líder precisa estimular sua equipe a olhar o horizonte e constantemente se perguntar o que está mudando no mundo, para poder selecionar o que é relevante. “Converse sobre isso em todas as reuniões de staff”, recomenda Charan. O executivo deve estudar o ambiente externo para além dos limites da empresa e do país.
Para identificar movimentos, convém que se converse com pessoas que sejam diferentes de nós. “Ouça o que têm a dizer, veja as mudanças externas pelo viés das pessoas, amplie sua visão. Não é lendo livros, mas olhando pela perspectiva dos outros que detectamos as tendências”.
Para Charan, não importa o negócio em que se atue, deve-se começar a trabalhar sempre da perspectiva de fora para dentro, ou seja, do consumidor para o ambiente interno. Hoje, as pessoas estão livres para escolher, usar mídias sociais, saber quem compra o quê. Portanto, toda empresa deve abraçar a tendência da computação em nuvem.
Além disso, com a internet e a digitalização, o mercado é o mundo. Se uma ideia é executada e colocada na internet, o público será mundial e o ganho de escala será rápido. No entá nanto, ainda será necessário inovar, de modo que o declínio não seja também rápido.
2º ponto: definir prioridades que viabilizarão a visão e a estratégia
A visão que Bill Gates concebeu –“um computador por pessoa”– é bastante concreta e passível de mensuração. Mas há visões inalcançáveis e existe uma linha muito tênue entre visão e alucinação. “A visão tem de criar uma imagem na mente das pessoas que lhes dê uma noção do concreto”, orienta o palestrante.
No entanto, são as prioridades que definem o caminho até os objetivos. Os líderes que se sentem sobrecarregados tendem a ter dificuldade de priorizar. É preciso pensar com clareza para definir o que é prioritário e não cair em ambiguidade.
“Nosso tempo é limitado, então é preciso definir de três a cinco prioridades dominantes que conduzam à visão. As tarefas não prioritárias devem ficar para depois. As pessoas que são excepcionais na execução não se distraem fazendo mil coisas ao mesmo tempo”, esclarece Charan.
Ele também ressalta que um dos desafios que decorrem da priorização é a alocação de pessoas e recursos financeiros. Por vezes, as pessoas têm de ser transferidas de um projeto a outro. Bill Gates precisou montar uma equipe que focasse na redução do custo do computador para que pudesse perseguir sua visão. “A visão não acontece do nada, precisa de líderes.”
3º ponto: coloque as pessoas certas nas funções certas
“As pessoas são as grandes multiplicadoras de sua mensagem”. No entanto, o líder não deve se sentir culpado se errar ao alocar pessoas e precisar corrigir o erro, porque a pessoa que está no lugar errado não está feliz, pois tem sua energia reduzida. “Você, como líder, talvez não seja perfeito, mas conseguirá reduzir o atrito e a toxicidade na empresa ao ter a pessoa certa no lugar certo”, ressaltou.
4º ponto: ligue estratégia a pessoas e orçamento
Se não for possível à direção da empresa promover a conexão entre estratégia, pessoas e orçamento, não existe uma visão, e sim uma alucinação.
O fundamental para que essa ligação seja realizada é a reflexão, em equipe, sobre as competências que são necessárias para fazer a estratégia decolar e progredir e quais deixarão de ter importância. Essa reflexão terá como consequência a definição do orçamento, que é um compromisso que se sela. Sem ele, a estratégia não será seguida.
A Barnes & Noble, que era uma das duas maiores redes de livrarias dos Estados Unidos, não foi capaz de refletir e agir em torno das competências que passaram a ser necessárias em seu mercado. O modelo Amazon.com, surgido há 12 anos, ressaltou os pontos fracos da Barnes & Noble: grandes estoques, estrutura logística, pessoal, lojas físicas etc. A Amazon, por sua vez, usa uma plataforma de software e, portanto, tem custo menor.
O orçamento no modelo Amazon difere bastante do varejo tradicional. Inclui muitos funcionários para operar o software, servidores e um líder que custa US$ 1 milhão ao ano. “No ramo de livrarias, o pessoal de RH diria: ‘Não podemos pagar isso!’”, comenta Charan, ao ressaltar a importância do orçamento refletir competências operacionais necessárias.
5º ponto: encontre as causas do bom e do mau desempenho e recompense quem trabalha melhor que o concorrente em situações adversas
Em vez de dizer simplesmente: “Os números não estão sendo atendidos”, o líder deve olhar o que é subjacente aos resultados. Charan recorda que Jack Welch concedeu bônus maior a um diretor que não tinha tido desempenho satisfatório, a julgar pelos resultados trimestrais. Mas assim o ex-CEO da General Electric justificou: “O mercado caiu um terço. Quando isso aconteceu, esse executivo fez um trabalho melhor do que o concorrente”. Ele agiu muito rapidamente para controlar estoques e reduziu prejuízos.
6º ponto: pratique
“Treino, treino, treino”, insiste Charan. Sem prática, a execução não se torna maestria, estágio alcançado por Apple e Amazon, que são fantásticas na execução, bem como Natura, Ambev e Vale. Todas são empresas globais. “Com empresas globais se constroem nações, e o recurso mais importante de uma nação são líderes como vocês”, concluiu o palestrante.
Portal HSM
09/11/2011
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