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O método Seis Sigma como diferencial competitivo para as empresas

O Seis Sigma surgiu no início de 1987, quando profissionais da empresa Motorola iniciaram uma série de estudos sobre os conceitos estabelecidos por Deming sobre a variabilidade dos processos de produção, tendo como objetivo melhorar o desempenho por meio da análise de tais variações. Com isso buscavam a implantação em todas as atividades da empresa e enfatizavam o conceito de melhoria contínua (HENDERSON; EVANS, 2000).
 A proposta da Motorola buscava resolver o crescente aumento de reclamações relativas à ocorrência de falhas nos produtos eletrônicos manufaturados, dentro do período da garantia. Tal fato motivou a empresa a adotar o desafio de alcançar um desempenho de produtos livres de defeitos e tinha como alvos principais: o aumento da confiabilidade do produto final e a redução de perdas (SENAPATI, 2004).
Mesmo apresentando excelentes resultados em sua aplicação, o método Seis Sigma ainda é pouco utilizado devido a sua complexa implantação. Para o desenvolvimento do trabalho, procuramos realizar uma visita técnica na própria Motorola, para conhecer o processo na prática, porém devido à baixa produtividade do atual cenário econômico, a empresa precisa de um tempo para se reestruturar e acredita que o momento não é confortável para eles e nem será proveitoso para os alunos, disponibilizando datas para visita somente no mês de Julho. Desta forma o trabalho será totalmente baseado em informações obtidas pela internet e adquiridas em um treinamento para formação de Green Belts ministrado na própria faculdade de Jaguariúna.

Método Seis Sigma

σ é uma letra grega utilizada para demonstrar a variabilidade nos processos, estes se comportam tão bem que tem praticamente zero chance de cometer falhas.
Para alcançar a melhoria o processo concentra-se em “problemas reais” diretamente relacionados ao impacto financeiro, utilizando como apoio uma série de ferramentas para a identificação, análise e solução de problemas, com acentuado embasamento na coleta e tratamento de dados, e com suporte estatístico (HONG; GOH, 2003). Com isso é possível obter resultados num período de quatro a seis meses. Essas melhorias são sustentadas ao longo do tempo e disseminadas em toda a organização. Desta forma o processo atua como um agente de mudança.

Fases do Seis Sigma

O Seis Sigma é dividido em cinco partes, que são direcionadas por quatro pontos. São elas:
·        Definir: certificar-se que o projeto é crítico para um objetivo estratégico; calcular Saving; definir a equipe, escopo e prazos do projeto e registrar projeto.
·        Medir: desenvolver plano de coleta de dados; comprovar que nossos dados são confiáveis; demonstrar a variação do processo e determinar o nível atual do processo.
·        Analisar: definir os objetivos do desempenho; estratificar e analisar o processo; determinar a causa-raiz e validar a causa-raiz.
·        Implementar: gerar ideias de melhoria; avaliar e selecionar soluções; desenvolver plano piloto e comprovar a melhoria e confirmar o Saving.
·        Controlar: como manter as melhorias obtidas sob controle; prevenir ocorrência de falhas, alterar documentação de todo o sistema e promover treinamento e padronizar e documentar as melhorias.

Implantação do Seis Sigma

A implantação do programa nas organizações visa, de maneira estruturada, incrementar a qualidade por meio da melhoria contínua dos processos envolvidos na produção de um bem ou serviço, considerando todos os aspectos importantes de um negócio (PFEIFER et al., 2004). O Seis Sigma também prioriza o aumento da rentabilidade, pois o programa concentra grande esforço na redução dos custos da qualidade e no aperfeiçoamento da eficiência e da eficácia de todas as operações que visam atender as necessidades dos clientes (ANTONY; BAÑUELAS, 2001).
Outros aspectos na implantação deste método são:
·        Comprometimento da gerência: A gerência precisa estar comprometida com o programa, devido a necessidade de alocação de recursos para a manutenção do mesmo.
·        Mudança cultural: O programa exige uma mudança na cultura da organização e novas atitudes dos colaboradores.
·        Infraestrutura: É necessária uma infraestrutura organizacional adequada e que assegure a introdução, desenvolvimento e continuidade do programa.
·        Seleção e gerenciamento dos projetos: a falta de habilidade na escolha e condução de um projeto pode consumir tempo e recursos que depois geram frustrações e insucessos.
·        Entender e executar os métodos ou processos de melhoria: exemplos utilizados - M/PCpS (estudo de caracterização de processos e máquinas ou machine/process characterization study); DMAIC (define, measure, analyse, improve and control), DFSS (design for Six Sigma), dentre outros.
·        Utilização das técnicas e ferramentas utilizadas no Seis Sigma: proporcionam ao programa o estudo e a compreensão das variáveis dos processos, asseguram a coleta de dados confiáveis, revelam indicadores para a tomada de decisões e favorecem a busca de soluções para os problemas que causam as inconstâncias nos processos (BYRNE; NORRIS, 2003).
Para que o Seis Sigma funcione, sua estrutura é montada contando com o apoio de pessoas treinadas, que auxiliam os demais colaboradores na execução do programa. Existe uma hierarquia para essas pessoas, que segue de acordo com o treinamento que tiveram. A ordem é :
·        Master Black Belt: coordenação do programa; treinamentos; suporte técnico; consultor interno;  desdobramento do PE em projetos macro; geralmente só há 1 por empresa;
·        Black Belt: treinados especificamente para o Seis Sigma; dedicação integral; desdobramento do projeto macro; gerenciamento e suporte aos projetos; consultores; 1 a cada 100 funcionários;
·        Green Belt: treinamento diferenciado em ferramentas estatísticas básicas; tarefas diárias no “ pensamento Seis Sigma”; Coordenação e Execução de projetos; liderança de equipes; 25% do tempo dedicado ao projeto;
·        Yellow Belt: compor a “massa pensante” do Programa Seis Sigma; auxiliar na busca de solução para os problemas considerados crônicos para a organização, participando dos grandes projetos Seis Sigma; geralmente todos são treinados como Yellow Belts.

Benefícios do Seis Sigma
           
Os principais benefícios da aplicação do programa Seis Sigma são (ARNHEITER; MALEYEFF, 2005; BLAKESLEE Jr.,1999; HAN; LEE, 2002; SNEE, 2000; YOUNG, 2001): a busca da melhoria contínua dos processos; a conquista da satisfação dos clientes através da melhor compreensão dos requisitos exigidos; o pleno entendimento das entradas críticas dos processos necessárias para responder as alterações nas exigências e especificações definidas; aprimoramento da qualidade; ganhos no fluxo do processo; aumento da produtividade; redução de tempos de ciclo; aumento da capacidade produtiva e da confiabilidade dos produtos; redução dos defeitos, dos custos, de desperdícios; a eliminação de atividades que não agregam valor ao processo; e a maximização dos lucros.

Fracasso na utilização do Seis Sigma

Apoiado em estudos e pesquisas, Eckes (2001) conseguiu identificar as possíveis causas do fracasso ao utilizar o prorama. Entre elas estão: 1. o foco do programa é orientado apenas sobre a redução de custos; 2. as melhorias do processo não são consideradas parte integrante do trabalho usual da empresa; 3. a metodologia DMAIC não é seguida correta e disciplinadamente; 4. quando a liderança da empresa não consegue diferenciar a variação de causa comum e a variação de causa especial; 5. quando a empresa não entende e assimila o conceito e a importância do cliente; e, ainda, 6. se o papel da liderança não é compreendido e a criação e o gerenciamento de sistemas de gestão de processos são negligenciados. Cabe ressaltar que dois fatores favorecem o fracasso da implantação do método Seis Sigma de maneira muito especial. O primeiro é quando a empresa encara o método como uma série de projetos, pois é um grave erro entender o Seis Sigma como um projeto. Na verdade, os projetos devem ser compreendidos como uma alavanca tática para um programa Seis Sigma, mas muito mais importante é o enfoque sobre a gestão do processo e a prática de uma disciplina rigorosa em todas as etapas dos processos. O segundo fator de fracasso é o descaso da liderança da empresa, que deve estar comprometida ativamente com todas as etapas da implantação e condução do método, e não apenas com a alocação de recursos para o programa. O envolvimento da liderança no Seis Sigma é um fator determinante no gerenciamento de sistemas de gestão de processos, e mais importante do que a criação de projetos táticos da estratégia das empresas.

Considerações finais

O programa Seis Sigma busca melhorias em todas as etapas do processo para evitar erros e desperdícios. Empresas que aplicam o programa apresentam números elevados de ganho, porém para sua implantação é necessário grande investimento tanto financeiro quanto organizacional. Devido a isso, o programa ainda é utilizado em poucas empresas.
Para obter sucesso aplicando o programa é necessário seguir uma sequencia de etapas e dar continuidade a mudança da cultura, para que isso faça parte da rotina da empresa.

Bibliografia

Andrietta, João Marcos Paulo; Miguel, Augusto Cauchick “Aplicação do programa Seis Sigma no Brasil: resultados de um levantamento tipo survey exploratório-descritivo e perspectivas para pesquisas futuras” (http://www.leansixsigma.com.br/acervo/38111438.PDF; acesso em 22/05/2016.

Andrietta, João Marcos Paulo; Miguel Augusto Cauchick “A Importância do Método Seis Sigma na Gestão da Qualidade Analisada sob uma Abordagem Teórica” (http://www.leansixsigma.com.br/acervo/ACERVO_1722917.PDF; acesso em 22/05/2016.

Fernandes, Marcelo Machado; Turrioni, João Batista “Seleção de projetos Seis Sigma: aplicação em uma indústria do setor automobilístico” (http://www.scielo.br/pdf/prod/v17n3/a13v17n3; acesso em 22/03/2016).

AUTORES: Alunos do curso de Engenharia de Produção da Faculdade de Jaguariúna:
  • Bruno Henrique Palande 
  • Ed Erick dos Santos 
  • Daniela Ap. Martins 
  • Jessica de Godoi Neves Lagos 
  • Luiz Fernando de Souza Soares  

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