Pular para o conteúdo principal

O efeito colateral da competência

As organizações estão em busca de pessoas competentes para seus quadros, mas nem sempre conseguem lidar com elas
Dias atrás, numa conversa informal, escutei a história, em primeira mão, de um profissional que acabara de ser demitido graças à sua competência e aos ótimos resultados alcançados até então. É justo que você pense: “este profissional deve ter cometido algum deslize e agora está querendo apenas posar de injustiçado!” Infelizmente, não é o caso.
Há dois anos, ele atuava na empresa que o desligou e seus números foram muito melhores e consistentes do que os esperados pela organização. Porém, depois de algum tempo, profissionais de uma outra companhia do grupo no qual atua “pediram sua cabeça”, pois a performance obtida por ele estava atrapalhando o alcance dos resultados daquela. Como era a parte mais frágil desta relação, acabou pagando o pato.
Não é a primeira vez que isto ocorre e nem será a última. Profissionais muito competentes angariam adversários em diferentes ambientes organizacionais, pois mexem com o status quo. Fazem com que muita gente tenha de encontrar explicações para seu desempenho pífio e isto é particularmente complicado se estes não possuem condições de fazer mais e/ou melhor do que aqueles.
O deslize cometido pelo profissional em questão também é o mesmo de muitas outras pessoas: acreditar que apenas o alcance de resultados é suficiente para se manter numa posição de destaque frente aos demais e, especialmente, privilegiado pelos altos executivos ou sócios do negócio.
Há um bom tempo, já não basta ser competente tecnicamente. Também é imprescindível que a pessoa consiga manter equilibradas as relações que o sustentam dentro da companhia. Para ser mais claro, é preciso avaliar quais brigas podem ser assumidas e aquelas a serem evitadas, pois adversários internos geram custos futuros para quem pretende continuar no mesmo lugar.
Não estou afirmando com isto que o profissional deva fugir dos conflitos, mas sim ter a consciência de que seu sucesso depende – e muito – de como ele consegue administrá-los. Afinal de contas, o adversário de um projeto atual pode ser o financiador do plano seguinte e, portanto, deixar as portas abertas acaba sendo uma atitude sensata.
Construir alianças estratégicas na companhia, grupo empresarial ou mercado é mais do que apenas fazer conchavos ou tentar agradar a todos. Trata-se da capacidade de compreender a cultura do local em que trabalha e saber se posicionar, isto é, avaliar os momentos no qual se deve avançar e aqueles que requerem recuos momentâneos.
O lado bom desta história é que o profissional demitido rapidamente conseguirá se recolocar no mercado por gozar de um alto grau de empregabilidade. Já a empresa poderá repetir outras vezes o movimento de dilapidar os talentos que lutam por ela, mas são incompreendidos.
As organizações estão em busca de pessoas competentes para seus quadros, mas nem sempre conseguem lidar com elas. Ao privilegiar a mediocridade e desestimular os conflitos que a transformariam, não percebem que expurgam – involuntariamente ou por decisão própria – justamente aqueles que poderiam garantir a elas um amanhã promissor.
Cuidado para que isto também não ocorra em sua companhia!

Wellington Moreirapalestrante e consultor empresarial
Fonte: Portal Administradores

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AS 16 TENDÊNCIAS DE FAITH POPCORN

O estudo de tendências sempre foi um tema que chamou a atenção de pesquisadores e leigos, em decorrência de ser um assunto que atrai pela característica de previsão do que irá ocorrer num futuro não tão distante. Analisar tendências representa abrir os olhos para o que o mercado é, e o que o mercado anseia. Representa entrar na mente de cada ser individual e descobrir que formas o inconsciente coletivo toma. Sobre tendências O estudo do passado e do presente é que determina a direção que leva ao futuro. Em empresas de tendências, os profissionais passam a analisar e pesquisar conexões sobre o que está ocorrendo. O futuro está presente nas ações cotidianas mais freqüentes, onde devemos decodificar a cultura. De acordo com Faith Popcorn, sócia de uma das empresas de tendências mais bem conceituadas do mundo, a definição de uma tendência vem da sedimentação do conhecimento de diferentes especialistas O futuro do consumidor não surge do nada, mas da confluência de fatores psicológicos,...

Criação de Produto - Levíssima Pizzaria Delivery

Introdução  Este relatório consiste em desenvolver um produto/serviço de acordo com os métodos e ferramentas utilizados na disciplina de Gestão de Operações II, onde, o professor Romilson Cesar Lima ministrou aulas destacando os temas: Desenvolvimento de Produto e Balanceamento de Capacidade Produtiva, introduzindo teorias já discutidas no semestre anterior na disciplina de Gestão de Operações I. Desenvolvemos exercícios em sala de aula relacionados à capacidade produtiva, analisando o processo de fabricação de um determinado produto (Propulsor), de acordo com seu posto de trabalho inicial. Realizamos diversos estudos, a fim de melhorar a capacidade produtiva, relacionando o tempo de cada etapa do processo e eficiência de mão de obra. Após realizada a teoria do assunto discutido nesta disciplina, as aulas foram direcionadas para o laboratório de Lean Manufacturing, onde iniciamos na prática o desenvolvimento da proposta sugerida pelo professor para a criação ou inovação de um pr...

O Modelo de Gestão Habib's Fast Food

O Habib’s fast food foi inaugurado em 1988 em São Paulo, é a maior rede de fast food genuinamente brasileira. Seu fundador é Alberto Saraiva que implementou a estratégia responsável pelo sucesso do grupo, uma combinação de preço baixo com alta qualidade, conhecido como “low fare, low cost” . Com isso é proprietário de centrais de manipulação e distribuição de itens do cardápio nas principais regiões do país  (HABIB’S, 2016).   O Habib's faz parte de um grupo de empresas, o Alsaraiva. O Grupo é formado pelo Habib's ( fast-food árabe), Ragazzo ( fast-food italiano), Voxline ( contact center ), Promilat (laticínios), Ice Lips/Porto Fino (sorveteria) e Arabian Bread (padaria/confeitaria). Cada empresa possui sua especialidade e juntas formam a cadeia logística que desenvolve o produto vendido nas lojas Habib's e Ragazzo. Análise SWOT Foi feita uma análise SWOT, com finalidade de avaliar os ambientes internos e externos, para identificar os pontos fortes e fracos ...